quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Patética

Não devia ter cogitado a hipótese de ceder a este desdém másculo, seduzia-me artefatos simples, um apartamento simples e minhas unhas cor carmim. Segredava rua afora agradáveis diálogos noturnos, em meio ao conforto de minhas echarpes, meias finas e calcinhas de cetim.
Podia deitar-me com homens alheios a meus segredos, usá-los na imaginação de meu sexo e acordar sobre a textura de meus lençóis.Só.Soberana.
Neste momento que tomo meu café meio amargo, deixo a luz passar pelas cortinas e pergunto ao meu corpo se gostou da brincadeira.
Meus saltos costumam deixar claro que são mais importantes do que a biologia espera de mim, no entanto menos do que espero do mundo.
Cortei relações familiares pois não fui eu que as escolhi.
Ah! A vontade que tenho de estar pronta, dar os braços à noite e bailar com o que ela tem a me oferecer. Às vezes me serve de um azulado néon para repousar em meu quarto, outra me enche de sua euforia glamurosa, e eu me apaixonei por ela.
Não deveria tê-la deixado envelhecer.
Ela deveria ter se mantido minha adorável e doce Pagu
Mesmo traída, ela há pouco prometeu, que se eu repousasse faria meus lábios novamente vermelhos, venenosos.
Prometeu que minhas meias fina voltariam a abraçar-me as pernas, que novamente eu sorriria rodeada por minhas echarpes.
Parte dele me tornou matrona, caseira,meu fantasma de criança.Seu pênis me tornou escrava de meu próprio prazer, forçava-me a delírios monstruosos, mas jamais deixei-me culpar pela peça que me transformava em Tarsila, Ai recatada Tarsila, chata, suave e demasiada gentil. Pintando seus quadros patéticos a sombra de um falo amado.
Volto a divertir-me na luxúria cristã de um homem qualquer.
Prazer, sou Isadora.

Um comentário:

Dolores Dantas disse...

Eu também sou patética e cedo, sempre cedo. Acho que deveriamos fazer um bloco de carnaval chamado "Patéticas Colombinas", que achas?