Um filhote de baleia escolhe um veleiro para ser sua mãe. Agora procura-se desesperadamente uma mãe baleia praticamente extinta. O veleiro está cansado e não pode alimentá-la. Já as comemos todas. E construímos nossas casas de pedras com o óleo negro de suas entranhas.
Restam poucos camarões, e as ostras e mexilhões absorvem os estranhos metais pesados do oceano. O cerne da terra congela, assustado. Eu guardo calado um medo visceral.
O pescado e a carne sobem no mercado. Os seres que consumimos se extinguem a cada dia. Mas ainda restam muitas bocas famintas e tétricas, que precisam ser caladas. Calemos-nas, eles dizem, e jogam-nos migalhas e um pouco de confete.
O colpaso do capital. Falta comida, falta comida, e sobra metal. Nos grandes conglomerados fast-food as lixeiras nos dizem que é legal jogar fora. Deen-nos de comer, elas dizem. E depois vomitam toneladas de gordura.
Ainda não pude encontrar nada aqui no fundo. Escavo em terras mortas. Escavadeiras sorriem com seus dentes enferrujados. Apodreço, e não me cai nenhuma lágrima. Seca segue a terra.
Jonas Torres – Promo
Há 14 anos
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